23 de março de 2009

O Cuca é fixe!




Hoje qualquer miúdo de 14 anos tem Che na t-shirt. Seria um desses míúdos se as t-shirts existissem na altura?

Eu estava mais interessado nos The Who e nos The Clash. Os Clash são muito políticos. Mas as t-shirts não existiam quando eu era miúdo. Ainda sou um miúdo, porém. Penso que se estivesse a crescer quando as t-shirts apareceram, teria uma dessas t-shirts. Muitas pessoas que as usam compreendem a essência do sujeito, essa coisa de não nos vendermos. Isso é decididamente Che.
O que lhe posso dizer é que quem compra uma t-shirt com o Che é uma pessoa fixe. Segundo a minha experiência quando vejo alguém com uma t-shirt do Che é alguém com bom gosto.

(...)

O que é que fez o Che tão especial?

Uma surpreendente quantidade de energia e desejo. Acreditava que podia mudar algo, que as pessoas podem mudar a História. É um produto dos anos 60, década em que parecia que isso era possível. Agora não é assim tão claro. Perseverança, moralidade, ser o mais fraco, lutar contra a injustiça, lutar pelos esquecidos, isso era o que o movia. Era como Jesus só que Jesus dava a outra face - o Che não. Mas o Che nunca aterrorizou as pessoas. Algumas pessoas têm-no acusado de ser um homem que estava só interessado no poder, mas se estivesse interessado no poder não teria ido para a Bolívia. Se ler os diários dele, há muitos momentos em que se percebe que ele podia ter tirado vantagem das situações, e não o fez. Ele estava em apuros na Bolívia, tudo estava a desmoronar-se e manteve-se firme. Era um homem de estatura moral. Manteve-se firme.

Um pequeno excerto de Benicio del Toro para: - Johannes Bonke - Exclusivo PÚBLICO/IFA

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